Dois investigadores portugueses desenvolveram um software que reduz drasticamente o consumo de energia eléctrica dos computadores e que se fosse aplicado à escala mundial evitaria a emissão de cinco milhões de toneladas de CO2 na atmosfera por ano.
A descoberta, a que os investigadores Carlos Reis e Jorge Pacheco deram o nome de “SPIRIT”, tem como objetivo reduzir o consumo de energia eléctrica e as emissões de CO2 associadas a este consumo por “infraestruturas de computação de média e grande escala”.
Por isso mesmo, não se aplica a utilizadores domésticos, com computadores isolados, disse em entrevista à Lusa Carlos Reis.
As chamadas “infraestruturas de computação de grande escala” são instalações de tipo industrial espalhadas pelo mundo que estão ao serviço de grandes companhias como a Google, a Microsoft e o Facebook.
Neste tipo de empresas ou entidades, os diferentes computadores, que podem ir de algumas centenas até às dezenas de milhar, estão ligados entre si através de uma rede de comunicação privada, uma intra-net.
As placas de rede destes computadores possuem uma funcionalidade que permite aos computadores que estão num estado dormente, “acordar” quando recebem pela rede o sinal apropriado, explicou o investigador.
“O SPIRIT é um software que é executado no computador-mãe desta rede. A sua função é apenas decidir sobre o estado de vigília de todos os computadores. Se um computador está desligado e precisa de ser ligado então o SPIRIT envia pela rede o sinal apropriado e acorda-o. Por oposição se está ligado e não é preciso, o SPIRIT desliga-o”, especificou Carlos Reis.
Em termos de benefícios, podem ser apontados os de ordem económica, como a redução do consumo de electricidade e, consequentemente, do custo de operação destas infraestruturas, e os ambientais.
Sobre estes, Carlos Reis refere testes feitos durante um ano na Universidade de Lisboa com apenas 200 processadores e em que foi conseguida uma redução no consumo de electricidade equivalente a uma redução de emissões de 5 toneladas de CO2, um gás com efeito de estufa, reconhecido como o principal responsável pelas alterações climáticas.
A partir daqui os investigadores calcularam a poupança energética e ambiental possível a nível mundial com a utilização deste software.
“Se o SPIRIT ou um software equivalente fosse adoptado em infraestruturas de computação em todo o mundo, a poupança seria no mínimo, e por ano, igual à energia produzida por uma central nuclear, o que equivale a não libertar na atmosfera cinco milhões de toneladas de CO2 por ano”, afirmou Carlos Reis.
Actualmente, as de computação de média e grande escala são já responsáveis por um por cento de todas as emissões de CO2, metade das emissões de toda a indústria de aviação, referiu o investigador, salientando porém que “este número está a crescer a 16 por cento ao ano”.
A descoberta foi publicada no final do ano passado na revista da especialidade “Minimizing CO2 Emissions in a Computing World. O software encontra-se disponível gratuitamente em http://www.ciul.ul.pt/~ATP/SPITIT/.
Artigo retirado de: http://www.fibra.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=965%3Aportugueses-criam-software-informatico-capaz-de-reduzir-emissoes-de-co2&catid=43%3Aconteudos&Itemid=64
1 comentário:
Su, chegou o 2º livro ;) bjocas Cátia
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