sábado, 12 de janeiro de 2008

Viagens...

O metro corria pelas artérias da cidade, correrias diárias, um afluxo de gente e de histórias que se confundem na passagem das carruagens.. Nessa carruagem ia a rapariga, de olhar fixo e vazio, indiferente ao que se passa ao seu redor. Ela estava inquieta, uma inquietude calma, silenciosa que só se via no olhar.. mal de amores certamente.. Observei a rapariga com toda a minha atenção, a energia que dela emanava parecia gritar um estado de sofrimento. Ao seu redor sentia-se como uma espécie de transpiração, uma suspensão de sentimentos e emoções.. Todos os dias vejo aquela rapariga, de vestimenta sóbria, clássica, simplesmente banal, sem algum apontamento de cor. Os seus olhos falam mais do que deviam, estão prontos a soltar as lágrimas que certamente estão contidas pela pressão social..
A rapariga sai, mas a energia permanece na carruagem como um caçador à procura da próxima presa para se instalar... Vai para longe, não venhas para o meu lado, pois paciência não tenho, penso eu.... O metro chia ao chegar à estação terminal, acabou por hoje, amanhã verei novamente a rapariga com aquele olhar triste..

2 comentários:

nuno medon disse...

Ora aqui está um belo caso para tu estudares! lindo texto! beijos e um abraço. bom fim de semana!

Sérgio Minhós disse...

Como a tua rapariga existem milhares de raparigas de olhar triste. Na cidade a felicidade não está ao alcance do comum dos mortais por questões culturais. Se todos parasse-mos para transmitir um pouco da nossa energia positiva nesse dia a uma pessoa desconhecida tudo seria bem mais bonito. Infelizmente e a realidade nua e crua é bem mais sombria porque apenas olhamos para o nosso umbigo e enquanto não olhar-mos para além do nosso mundinho nada mudará.
Um abraço a todas as pessoas que ,como eu, andam muitas vezes à deriva e sem a ajuda de ninguém neste mundo de lutas pelo material das coisas.

BJ e venham FOTOS ;)

SM