Este é um livro feito por autores portugueses. Pequenos contos dão o mote para uma viagem por várias realidades.
Eu ainda só li um dos contos a Balada Irlandesa do João Pedro Duarte. E adorei!!! Claro que como qualquer boa história chorei, mas achei a história linda e cheia de grandes aprendizagens. Só tive pena é de ser um pequeno conto pois acho que a história merecia um livro ;), mas não me vou adiantar muito pois espero fazer um post por cada conto ou pelo menos aqueles que mais me tocarem.
Deixo -vos o prefácio para terem uma ideia. E claro está, aconselho este livro porque acho que devemos consumir mais o que é nosso e ajudar os nossos escritores a crescer.
Prefácio
Como
é que se faz um conto? O que é um conto? Não sei. Sei lá. Afinal de
contas, quem é que o sabe? Pior ainda, se a questão se põe em termos de
qualidade. Como é que se faz um bom conto? Afinal de contas, o que é um
bom conto?
Deixemos a palavra aos Grandes Mestres…
“O conto é uma forma literária encantadora.” – começa por nos dizer
Trindade Coelho. “E o maior assunto, ou o mais complexo, cabe no conto,
pela mesma razão que nas proporções delicadas de uma miniatura pode
caber, desafogado, um grande quadro. Tudo se resume a uma questão de
processo, e pelo que toca à emoção, o conto pode dá-la mais intensa,
creio eu, do que o romance.” – conclui o autor, ele próprio um
excelente criador de contos.
Concordo, mas ainda assim pergunto: tratar-se-á tão-só de uma questão de proporção e da intensidade de causar uma emoção?
Confrontado com estas mesmas questões, Gabriel García Marques, o grande
escritor colombiano, diz-nos que “O conto não tem princípio nem fim:
pega ou não pega.”.
Concordo, mas ainda assim pergunto outra vez: não é isto mesmo que
acontece com todas as vertentes da vida, artística, literária, e não só?
Já quanto à dificuldade de escrever um conto, diz-nos ainda G. G.
Marques, Prémio Nobel da Literatura em 1986: “O esforço de escrita de
um conto curto é tão intenso como o de começar um romance. Porque no
primeiro parágrafo de um romance tem que se definir tudo: estrutura,
tom, ritmo, extensão, e por vezes até mesmo o carácter de uma ou outra
personagem.”.
A importância da primeira frase… A mancha significativa e significante
que se começa a delinear sobre o papel… Enfim, o início da vitória
sobre o vazio de uma página em branco…
Curto, emotivo, sem estrutura fixa, ou de qualquer maneira delineada, e difícil de escrever…
Nestas mesmas características se revêem outros Grandes Mestres do
conto, que na tradição literária portuguesa se instalaram tardiamente,
só por volta do Século XIX, pela via dos escritores românticos.
Mas, ainda que tardiamente, o conto assumiu-se desde logo com marcas e
características próprias, que lhe conferiram identidade, permitindo
distingui-lo de outras formas de expressão.
Curto, emotivo, sem estrutura fixa, ou de qualquer maneira delineada, e difícil de escrever…
A estas características, e talvez por causa delas, deve juntar-se ainda
o fulgor narrativo e a essencialidade da linguagem, que permitem
distinguir o conto, por exemplo, do romance, com que normalmente é
confrontado.
“No conto” - diz-nos Eça de Queirós, entre nós um dos maiores e mais
exímios criadores de contos – “tudo precisa de ser apontado num risco
leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e
definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos apenas
o que caiba num olhar; da paisagem somente os longes, numa cor unida.”.
Contos do Nosso Tempo, o livro que a Esfera do Caos Editores em boa
hora se decidiu publicar, dando assim continuidade a uma linha de
publicação onde já se inscrevem, por exemplo, as obras Os Melhores
Contos de Oitocentos – Antologia Inédita (2006) e Contos de Outros
Tempos – Antologia Inédita (2008), alimenta-se destas mesmas
idiossincrasias que fazem a natureza concreta e específica do conto.
Poder-se-á falar de identidade do conto? Não sei. Sei lá. Talvez.
Certo, certo, é que Contos do Nosso Tempo é uma “obra comum”, que conta
com vinte e uma participações, onde cada autor, cada história, cada
conjunto de histórias, leva a marca do seu criador.
Certo, certo, é que os textos que aqui se apresentam não obedeceram a
nenhuma fórmula prévia, nem tal existe para poder ser imposta e
seguida.
Em contrapartida, cada autor, cada história, cada conjunto de
histórias, alimentou-se a si mesmo com o risco da sua própria liberdade
criativa, assim como com o desejo de escrever pelo puro prazer de
escrever.
Liberdade criativa, gosto de escrever por escrever, aliados à vontade
de partilhar, não definem certamente as características do conto, mas é
disso mesmo que se alimentam estes Contos do Nosso Tempo, e é muito
disso que eles têm para oferecer aos seus leitores.
Miguel Almeida (coordenador e co-autor)
Cecília Vilas Boas
Maria Fernanda da Silva Ascenção da Rocha
Ana Maria Domingues
Maria Cristina Monteiro Correia
João Carlos Sousa Silva
Álvaro José Ferreira Gomes
Vítor Manuel Alves Fernandes
Humberto David Costa Oliveira
Ana Paula Simões e Silva Fonseca da Luz
Carlos Alberto Alves Vilela
Sérgio Sá Marques
Catarina Janeiro Coelho
Daniela Gomes Pereira
Miguel Jorge Azevedo de Almeida
Emílio Gouveia Miranda
Maria Eugénia Ponte
João Pedro Duarte
António Baptista de Oliveira
Rúben Alexandre Rosa de Brito
Maria Helena Almeida Lopes
Carlos Filipe de Sousa Almeida
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